quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Conselhos de quem entende de dinheiro!

Conselhos de quem entende de dinheiro - 07.02.2008.

EXAME perguntou a alguns dos maiores economistas americanos e brasileiros como a crise dos Estados Unidos vai afetar o Brasil. Suas opiniões e indicações de investimentos estão resumidas a seguir:

Por Eduardo Salgado

EXAME Nouriel Roubini,professor de economia da Universidade de Nova York e assessor econômico da Presidência dos Estados Unidos no governo Bill Clinton
"A economia americana já entrou em recessão e acredito que será uma recessão severa, de pelo menos quatro trimestres. Em dezembro, quase não foram gerados empregos e as vendas no varejo caíram. Esse pouso dos Estados Unidos vai reverberar em todos os cantos do planeta, mas não significa que teremos uma recessão mundial. No caso específico do Brasil, não há risco de uma crise como as de 1999 e 2002, porque os fundamentos econômicos estão mais saudáveis. Dito isso, acredito que o crescimento da economia brasileira em 2008 será menor do que o registrado em 2007." Investir em commodities exige cuidados porque a tendência futura dos preços é de queda.

Edward Prescott,Prêmio Nobel de economia em 2004
"Choques na área de comércio externo podem ser positivos ou negativos. No caso do Brasil, não há nada que preocupe. Os países asiáticos, com todos os seus habitantes, continuam crescendo rapidamente. O Brasil terá um bom desempenho na medida em que der mais oportunidades a seu povo. Governos deveriam ter mais responsabilidade na coleta de impostos e no gasto. Se o Brasil se assemelhar mais aos Estados Unidos e à União Européia, terá um milagre econômico e, no curto prazo, será uma das economias mais desenvolvidas do mundo. Além disso, o Brasil está fazendo grandes investimentos no mercado americano de aço e em outras indústrias, o que é bom para os dois países."

Gustavo Franco,sócio da gestora de recursos Rio Bravo e ex-presidente do Banco Central.

"Apesar de janeiro ter sido um mês complicado, 2008 tem tudo para ser um ano bom. As perspectivas para a bolsa continuam positivas, porque o mercado será levado pelos bons fundamentos da economia brasileira. Também não acredito em aumento dos juros no longo prazo. É verdade que a inflação subiu um pouco neste começo de ano, mas a taxa permanece pateticamente pequena quando comparada aos níveis de minha época no Banco Central, por exemplo. Minha maior dúvida, hoje, diz respeito ao prazo para o país obter o grau de investimento. O governo precisa mostrar às agências de rating que consegue cortar gastos e equilibrar suas contas, e não é o que vem ocorrendo."

Eduardo Loyo,economista-chefe do banco UBS Pactual e ex-diretor do Banco Central"

O cenário mais provável para este ano é que a taxa básica de juro, a Selic, precise subir uns 2 pontos percentuais até o final do ano, ou um pouco mais. Isso se deve a preocupações com relação à inflação, que ameaça desviar-se do centro da meta. Em 2007, o maior problema foi o aumento de preço dos alimentos. Neste ano, outros setores apontam uma tendência de aceleração de preços. A crise americana, claro, preocupa. Mas a estrela do recente ciclo de crescimento no Brasil é o consumo interno. Se a economia interna continuar dinâmica, o que parece o mais provável, o país não deverá sofrer muito com o cenário externo. O crescimento do PIB neste ano deverá ser de 4,3%."

Paulo Leme,diretor para mercados emergentes do banco Goldman Sachs nos Estados Unidos.

"O cenário atual está longe de apontar um derretimento da economia mundial. É claro que uma crise americana é um problema do mundo inteiro. No entanto, hoje existem mais economias robustas, como a chinesa e a indiana e o conjunto dos demais emergentes. Essas economias têm fortalecido seus mercados domésticos e, dada sua participação crescente no PIB e na demanda global, vão evitar uma desaceleração mundial mais forte. Os emergentes vêm aumentando suas exportações e recebendo mais investimentos produtivos graças à globalização. Porém, também estão mais sujeitos às flutuações cíclicas da economia mundial com as oscilações nos mercados financeiros."

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